O Brasil acaba de perder um dos seus mais importantes artistas plásticos, o gravurista Gilvan Samico.
Samico foi pintor, desenhista, professor e gravador, conhecido principalmente pelas xilogravuras. Integrou o Movimento Armorial, com Ariano Suassuna.
Nascido em Recife, o pai percebeu a aptidão do filho para a ilustração e o levou ao professor, pintor e arquiteto Hélio Feijó.
O traço preciso, misturando luzes e texturas revelou-se logo no começo de sua carreira. Em 1957, 1958 e 1960 foi premiado no Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco.
Para aprimorar sua arte, Samico deixou o Recife e estudou xilogravura com Lívio Abramo, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo, e gravura, com Oswaldo Goeldi, na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. A influência de Goeldi é percebida no emprego de atmosferas noturnas, um número reduzido de traços, e no uso muito preciso da cor.
O romanceiro popular nordestino marcou a obra de Samico, trazendo para suas gravuras personagens bíblicos, lendas e narrativas locais, animais fantásticos e míticos, como serpentes e dragões, sempre com um toque de cor nas xilogravuras
Paralelamente à inovação temática, Samico passa a utilizar o branco com muita força expressiva. A profundidade é pouco usada em suas obras, que enfatizam a bidimensionalidade, sendo as figuras representadas como signos.
A xilogravura “Suzana no Banho”, de 1966, apresenta características formais que se tornam constantes na obra de Samico: a simetria e a divisão geométrica do espaço.
Nas décadas de 1980 e 1990, Gilvan Samico dedica-se mais demoradamente à realização de cada gravura, até encontrar a textura ideal para cada assunto tratado, produzindo uma matriz por ano. Nos trabalhos recentes simplifica a estrutura e a própria trama linear, acrescentando motivos originários da arquitetura: arcos, rosáceas e molduras.
A obra A Espada e o Dragão, 2000, por exemplo, apresenta uma técnica apurada e um uso muito criterioso da cor.
A Espada e o Dragão, 2000
A Bela e a Fera, 1996
Homem e Cavalo
A Luta dos Anjos
O Diálogo
A Criação: Homem e Mulher
O Senhor do Dia
A chave de ouro do reino vai-não-volta, 1969
Capa do LP do Quinteto Armorial
A Criação: Pássaros e Peixes
A Fonte
O Fruto Amargo ou A Ilha do Sonho
Júlia e a Chuva de Prata
A Dama da Noite
A Pesca
O Sol a Lua e as Estrelas
A Conquista do Fogo e do Grão
A Ilha
Três Mulheres e a Lua
A Tentação de Santo Antônio
A Caça, 2004
Samico inspirou-se em temas populares, como nesta gravura de 2004, A Caça, motivada pela história de um esquimó, lenda contada pelo uruguaio Eduardo Galeano.
Por duas vezes Samico participou da Bienal de Veneza , tendo sido premiado numa delas, e duas de suas obras fazem parte do acervo do MOMA de Nova York.
(Pesquisa realizada na Internet e nos jornais O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo.)