terça-feira, 27 de julho de 2010

EVANDRO CARLOS JARDIM NOVAMENTE NO MASP

 

 

 

Estrelas irregulares no vidro fantasia brilhante, agosto de 1976, tempera sobre tela

 

 

 

Trinta e sete anos após o lançamento da exposição

a noite, no quarto de cima, o cruzeiro do sul,

lat. sul 23°32’36”, long.w.gr. 46°37’59”,

Evandro Carlos Jardim,  paulistano de 75 anos,

e um dos mais prestigiados artistas plásticos brasileiros,

retorna ao MASP com mais 150 peças inéditas,

num total de 250 trabalhos,

entre desenhos, gravuras, pinturas, fotografias

e cadernos de anotações,

pertencentes ao artista e a colecionadores.

 

 

 

 

A têmpera Rio Pinheiros, Figura da Margem, de 2000: tentativa de captar a passagem dos anos

 

“A têmpera Rio Pinheiros,

Figura da Margem, de 2000:

tentativa de captar a passagem dos anos”

 

 

A cidade de São Paulo é sempre uma atração

para Evandro Carlos Jardim.

"Não há compromisso forte

com a verossimilhança dos lugares,

mas captar uma atmosfera, seu entorno,

aquele invisível que fica guardado no visível,

o ícone, a terceira imagem",

diz o artista, em relação

a um conjunto de mais de 60 gravuras

a que ele se dedica desde a década de 1970.

“Continuei concentrado

no desenvolvimento da série”, explica.

“São obras sobre São Paulo,

especialmente a Zona Sul,

onde fica meu ateliê,

e também as margens do Rio Pinheiros

e o Pico do Jaraguá, que enxergo do estúdio.”

Nem sempre as referências à cidade

surgem de forma direta e reconhecível.

“Não quero fazer documentação,

mas captar a passagem do tempo,

as transformações e, assim,

apreender a atmosfera da metrópole”,

diz Jardim, que define seu processo criativo

como uma “arqueologia da memória”.

 

 

 

 

 

 

Essas obras possibilitam múltiplas leituras,

associação entre imagens e visões

de perto e de longe

dos mesmos lugares da cidade de São Paulo,

que o artista percorre e estuda há anos.


“Trabalhei na zona sul,

na margem do Rio Pinheiros,

indo de Santo Amaro até o Jaraguá”.

“Não são acontecimentos tratados

de forma literal, mas interpretados,

o que deixa em aberto para se imaginar",

diz o artista.

"Na verdade, trabalho com poucas imagens

porque o que me interessa

são os elementos estéticos intrínsecos às linguagens,

que a plástica explique o conceito

e não seja apenas um recurso paralelo.

São ensaios gráficos,

conversões de luz e cor, uma tentativa".

 

É um trabalho reflexivo.

"Penso no tempo como maturação,

um contínuo", afirma o artista.

 

Em suas gravuras,

feitas nas técnicas do metal,

da água-tinta e da xilo, ou nas pinturas

e na tridimensionalidade de objetos escultóricos,

árvores, pássaros, homens, o rio e a paisagem

não se encerram apenas nas belas imagens,

mas ganham ainda mais poesia com as palavras

que Carlos Jardim associa aos trabalhos,

  colocando-as na parte inferior

de suas obras gráficas.

Não são títulos , mas "anotações escritas",

"expressão de um sentimento".

"A palavra e a gravura sempre foram

concomitantes", esclarece.

Frases e versos contribuem também

para uma associação da imagem

com os elementos estéticos

que lhe são tão caros:

numa de suas gravuras

do Pico do Jaraguá

(uma marca do artista)

está escrito, em 1979:

"Jaraguá, seus sinais,

manchas e sombras".

 

 

A exposição marca também

o lançamento de uma plaquete –

pequeno livro de 26 páginas –

que apresenta 20 imagens recentes

de Jardim

impressas em dois tons de preto.

 

 

 

 

A mostra promove ainda o diálogo

das obras gráficas de Carlos Jardim

com as pinturas

(um conjunto bem significativo)

que ele também sempre realizou

na técnica da têmpera.

 

 

Composição I

 

Composição II

 

 

 

Composição III

quarta-feira, 21 de julho de 2010

IMITAÇÃO DA ÁGUA _ EXPOSIÇÃO DE SANDRA CINTO

 

 

Feita com caneta permanente e acrílica sobre tela,

Sandra Cinto de 2010

Foto: Everton Balardin

 

 

A artista plástica Sandra Cinto

apresenta no Instituto Tomie Ohtake,

em sua primeira exposição individual em São Paulo,

obras inéditas especialmente produzidas

para ocupar os três andares do Instituto.

 

O título Imitação da Água

foi retirado de um poema

de João Cabral de Melo Neto:

 

“ …Uma onda que parava
ao dobrar-se, interrompida,
que imóvel se interrompesse
no alto de sua crista

e se fizesse montanha
(por horizontal e fixa),
mas que ao se fazer montanha
continuasse água ainda…”

(trecho do poema )

 

 

Para a primeira sala do andar térreo,

a artista criou a imersão total no desenho,

num "mar aberto”,

que tem como fundo de sua representação

faixas de azuis (até o negro)

e traços feitos com canetas permanentes

à base de óleo em tonalidades de prata.

 

 

 

 

 

Sandra desenhou diretamente

na parede de 360 graus da Sala Redonda.

"Há uma geometria no fundo, com os planos definidos,

e um desenho intuitivo, em partes,

como um rendado", afirma Sandra.

 

 

 

Foto de Carolina Krieger

 

 

Na segunda sala, a da "tempestade noturna",

vemos um ambiente mais "dramático":

um espaço de azuis-marinhos e quase pretos,

sete telas verticais:

são sete mares instáveis e em prata.

 

 

 

 

No chão,

2 mil barquinhos de papel branco caíram

de uma mesa destruída pela tormenta.

 

 

 

 

Na terceira sala,

a artista criou o espaço do amanhecer:

telas fazem a representação

de um horizonte de 8 metros,

que podemos contemplar

sentados em um banco de madeira, o Porto,

ancorado em seus pés por livros,

por "poesia".

"Aqui se junta o céu e o mar novamente,

o lugar seguro para a reflexão", diz Sandra.

 

 



 
 

 

 

 

 

Em resumo: as três salas se completam.

Na primeira estamos rodeados pela água,

que mostra sua força, entre tempestades,

ventos e diferentes caminhos.

Na segunda,

vemos a desconstrução da onda (água)

que se livra de alguns elementos que,

em momentos diferentes,

começam a tomar forma,

até que finalmente, na terceira,

vemos a construção de montanhas

que passam a ser água novamente,

num eterno ciclo.

 

 

 

 

 

 

 

  

quinta-feira, 15 de julho de 2010

GUIGNARD E O ORIENTE: CHINA, JAPÃO E MINAS

 

 

 

 

Mostra “Guignard e o Oriente:

China, Japão e Minas”

no Instituto Thomie Ohtake

 

Nesta exposição podems admirar

cerca de 100 obras,

sendo 45 pinturas de Guignard,

paisagens de seu contemporâneo,

o mestre chinês Zhang Daqian,

que viveu em São Paulo na década de 1950,

gravuras japonesas da tradição Ukiyo-e

(de Hiroshige e Kunisada) e

documentação fotográfica de “chinesices”

que proliferaram

nas igrejas coloniais em Minas Gerais.

 

 

Reprodução

 

 

Alberto da Veiga Guignard

e uma de suas obras em Minas Gerais,

onde elegeu viver a partir de 1940.

 

 

Noite de São João
 
Noite de São João

 

A tranquilidade das paisagens mineiras

do pintor Alberto da Veiga Guignard (1896-1962),

em que montanhas se fundem com nuvens,

balões de festa de São João

se evaporam pelos ares,

assim como as pequeninas igrejas

sempre presentes em suas criações,

pode ter relação com as ‘chinesices’

(modos ou usos da China)

que se encontram em Minas Gerais

desde o século 18. 

"Nas pinturas das igrejas de Sabará

vê-se entre ‘chinesices’

céus tranquilos pintados com aves de asas compridas

e papagaios e pipas”,

diz o crítico Paulo Herkenhoff,

que também diagnosticou

a influência do efeito de treliça

da gravura japonesa do Ukiyo-e nas paisagens

do Jardim Botânico do Rio de Janeiro,

ou do Parque Municipal de Belo Horizonte.

 

 

 

 

Em pintura de 1941,

nuvens se fundem a montanhas e igrejas,

numa versão de 'mundo flutuante’.

 

 

 

Guignard teve sua formação na Europa,

mas é a partir

de um "encantamento com a natureza brasileira",

como lembra Herkenhoff,

que o artista vai criar verdadeiramente sua marca.

"Bambus e árvores com fundo iluminado,

o chamado efeito treliça,

é uma característica da gravura japonesa.

Isso se vê em obras de Monet do século 19

e, no Brasil, nas de Carlos Oswald".

"Na medida em que o pintor se interessa pelo Oriente,

as montanhas em suas obras se tornam picos

com forma em V, como o Fuji do Japão,

e a aguada que escorre em suas pinturas

é como uma matéria líquida,

em que montes se confundem com nuvens"

 

 

 

Zhang Daqian

 

 

Zhang Daqian nasce a 19 de Maio de 1899

em Neijiang, China.

Em 1953 emigra para o Brasil,

e em 1958 realiza exposições em São Paulo.

È considerado o Melhor Artista do Mundo,

pela Sociedade Internacional de Artes de Nova Iorque.

 

 

 

Paintings by Zhang Daqian

 

 

 

Paintings by Zhang Daqian 

 

 

 

 

 

 

张大千-千山渴雨图

 

 

 

张大千-红妆步障图轴

 

 

Algumas das gravuras japonesas:

 


     

     


     

     

     

     

     

     



sábado, 10 de julho de 2010

SE A PINTURA MORREU O MAM É UM CÉU

 

Com este título, original e bem divertido,

o MUSEU DE ARTE MODERNA do Rio de Janeiro

apresenta 33 obras dos artistas Daniel Senise,

Luiz Zerbini, Adriana Varejão, Jarbas Lopes,

Eduardo Berliner e Gustavo Speridião,

que fazem parte do acervo do

MAM/Coleção Gilberto Chateaubriand.

 
“São artistas, em momentos distintos de sua trajetória,

que mantêm com a pintura uma relação vital”,

explica o curador Luiz Camillo Osório.

A exposição dialoga com a mostra

“Cristina Canale – Arredores e Rastros”,

que será apresentada no terceiro andar do museu,

no mesmo período.

 

Serão apresentadas pinturas, de diferentes datas,

sendo a mais antiga de 1984 e a mais recente de 2010.

As pinturas são feitas em diferentes técnicas,

entre elas: óleo sobre tela;

acrílica sobre MDF, sobre aglomerado e sobre tela;

pó de ferro e metal sobre cretone;

carvão, nanquim e tinta esmalte sobre tela;

verniz com pigmento, carvão,

grafite e tinta esmalte sobre lona.

 

 

 

 

Obra de Jarbas Lopes

 

 

 
rioecultura : EXPO Se a pintura morreu o MAM é um céu

Daniel Senise 692 Sem título 1986
acrílica sobre tela.

 

rioecultura : EXPO Se a pintura morreu o MAM é um céu

Eduardo Berliner Trem Fantasma 2007
óleo sobre tela rígida.

 

 

Obra de Luiz Zerbini

 

 

 

Obra de Adriana Varejão

 

 

A mostra de Cristina será composta por 20 telas,

de 1995 a 2010,

período que retrata uma transformação

a partir de sua ida para estudar na Alemanha

até o momento atual.

 

 

Sobre estes últimos 15 anos, enfocados no MAM,

ela comenta:

– “Comecei com formas botânicas,

com grandes folhas de árvore dominando a composição,

e um cromatismo em volta, fazendo isso girar.

Depois, comecei a pintar poltronas e, então, casas.

Depois, entrou gente na minha pintura.

Já é uma forma mais sofisticada.

Aí entrei no mundo dos animais,

que lembram as poltronas, mas com orelhas, sabe?

Em volta dessas formas principais,

sempre há um cromatismo que as fazem girar,

e não ficarem estáticas.

Em algumas, entrou um geometrismo,

com chão em losangos”.

 

 

 



A pintora Cristina Canale e seus quadros

 

 

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