sexta-feira, 24 de julho de 2015

RENOIR ROSA E AZUL NO MASP

 

 

 
 
Rosa e Azul" ou "As Meninas Cahen d'Anvers" , de Pierre-Auguste Renoir

Renoir retratou nesta obra duas filhas do banqueiro Louis Raphael Cahen d’Anvers, Elisabeth e Alice, quando tinham respectivamente seis e cinco anos de idade. O célebre pintor foi contratado para fazer vários retratos desta família, que conheceu através do coleccionador Charles Ephrussi (amante oficial de Louise Morpurgo, mãe das meninas), director da Gazette des Beaux-Arts. A irmã mais velha das meninas, Irene, também foi retratada pelo pintor. A ideia, a princípio, era fazer retratos individuais de cada filha. Posteriormente, a família decidiu que as duas irmãs mais novas apareceriam juntas.

Elisabeth e Alice surgem  diante de uma pesada cortina de cor de vinho. Usam vestidos de festa idênticos, com fitas, faixas e meias da mesma cor e os cabelos penteados com franjas perfeitas.

A família do banqueiro não gostou do resultado final e o quadro ficou esquecido,  só sendo redescoberto muitos anos depois .

O Original e as Interpretações  

A obra pertence atualmente ao aceervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP) desde que foi adquirida por Assis Chateaubriand (fundador do Museu).

   "Renoir, pintando Rosa e Azul, mostra na vibração da superfície e das cores vivas que compõem os vestidos das meninas toda a vivacidade e a graça instintivamente feminina que se esconde atrás da convenção da pose, todo o frescor e a candura da infância. As meninas quase se materializam diante de observador, a de azul com o seu ar vaidoso e a de rosa com um certo enfado, quase beirando as lágrimas." (Texto junto ao quadro - MASP)

 

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Foto no MASP

Análise da Obra
Por Percival Tirapeli - Professor de Estética e História da Arte da UNESP

Além de ser uma obra-prima, Rosa e Azul sintetiza algumas das preferências de Renoir. O nome remete às tonalidades que estarão presentes em muitas das telas, sendo suas cores favoritas.
Além disso, o quadro apresenta uma mistura de técnicas que marca muito o trabalho de Renoir. Temos aqui três momentos bem distintos, criados com três técnicas diferentes. O primeiro deles é o rosto polido das meninas, praticamente sem sombras, muito bem trabalhado e de forma bem arredondada.
Em seguida, percebe-se a tinta gorda esticada com um pincel chato que dá todo o volume e textura dos cintrões dos vestidos.
O terceiro momento é a sensação causada pela textura do vestido, pelo qual ele deixa transparecer a estrutura do corpo das meninas.
Neste caso, ele aplica a técnica do pontilhismo - muito usada por seu amigo Alfred Sisley (1839-1899) - os tons são divididos em semitons e lançados na tela em pequeninos pontos visíveis de perto, mas que se fundem na visão do espectador ao serem vistos a distância.
Este quadro demonstra ainda toda a energia de vida que Renoir sempre quis retratar em suas obras.

 

A história das meninas Cahen d’Anvers  é comovente. Alice (a de faixa rosa) viveu até os 89 anos e morreu em Nice, em 1965. A outra irmã, Elisabeth, teve um destino trágico.  Ainda jovem converteu-se ao catolicismo, sendo mesmo assim enviada para Auschwitz, devido a sua origem  judia, em 27 de março de 1944, morrendo no trem a caminho do campo de concentração,  aos 69 anos. (O MASP tem a lista do comboio  que partiu para Auschwitz  em que consta o seu nome).

  Este quadro tem sido fonte de muita inspiração para o público e para outros pintores. Washington Maguetas e   Maurício de Souza já fizeram suas interpretações .


Damas em Giverny (óleo sobre tela - 47x59cm - 2005)
Quadro pintado por Washington Maguetas, imaginando como estariam as duas irmãs de rosa e azul, após alguns anos, visitando os jardins da casa de Monet na cidade de Giverny, na França.

 

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Magali e Mônica de Rosa e Azul

Versão pintada por Maurício de Souza em 1989, após ver uma exposição no MASP.

 

"Meninas da Noite", 1994 - Cirton Genaro
(Óleo sobre tela/madeira - 56 x 40 cm ) é outra obra também inspirada neste quadro de Renoir.



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Auto retrato de Pierre Auguste  Renoir

A irmã mais velha das meninas, Irene, também foi retratada  por Renoir.

 

Ficheiro:Mlle Irene Cahen d'Anvers.jpg

 

Arte da França: De Delacroix  A Cézanne                        

MASP Av. Paulista, 1.578. Fone:  011-3251-5644

3ª, 4ª, 6ª, sábados, domingos e feriados das 10h/18h; 5ª das 10h/20h, R$25,00. Até 25 de outubro.

Fontes:http://www.masp.art.br

http://www.sabercultural.com

wikipedia (Imagens)

quarta-feira, 8 de julho de 2015

GUIGNARD_ A MEMÓRIA PLÁSTICA do BRASIL MODERNO_ EXPOSIÇÃO no MAM PAULISTA

 

Exposição retrospectiva de Alberto da Veiga Guignard (Nova Friburgo, 25 de fevereiro de 1896Belo Horizonte, 25 de junho de1962) pintor brasileiro que se destacou como o grande paisagista do modernismo, apresenta 72 obras divididas em quatro temas: retratos, naturezas mortas, obras sacras e paisagens.

 

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Sua formação tem bases européias por ter vivido lá dos onze aos 33 anos. Frequentou as Academias de Belas Artes de Munique e de Florença.

De volta ao Brasil, nos anos 20, tornou-se conhecido juntamente com Cândido Portinari, Ismael Nery e Cícero Dias.

Morando no bairro do Jardim Botânico, no Rio, deslumbrava-se com  a paisagem da Mata Atlântica.  O relevo do maciço da Tijuca foi seu modelo brasileiro para confrontar-se com a paisagem vertical da pintura chinesa, que, sem pontos de fuga ou linhas descritivas, desdobra-se paralelamente à superfície da obra.

 

Guignard – A memória plástica do Brasil moderno

 

A atenção do pintor voltou-se para o patrimônio colonial brasileiro, já em fins da década de 1930. Seu primeiro modelo de arquitetura histórica foi o bairro de Santa Teresa, depois seria Ouro Preto.

 

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Ainda jovem orientou um grupo do qual participavam Iberê Camargo, Vera Mindlin e Alcides da Rocha Miranda. Nessa época (1944), a convite de Juscelino Kubitschek, então prefeito de Belo Horizonte, organizou um curso de desenho e pintura no recém-criado Instituto de Belas Artes. Apaixonou-se pela cidade e mudou-se para lá.   

Os retratos de Guignard, juntamente com as paisagens, são outros capítulos privilegiados da sua obra.

 

 

 

 

 

 

 

O lirismo de Guignard é único em nossa modernidade. As paisagens e festas_ em que muitas vezes parecem flutuar casas, igrejas, seguindo os balões juninos, numa atmosfera azul acinzentado, por vezes muito escuro_ dão ideia de que aparecem subitamente, tal como os desenhos de Mira Schendel e as pinturas de Rothko. É como se a arte flagrasse o momento em que as coisas surgem, antes mesmo de encontrarem seu lugar definitivo .

 

 

 

 

 

 

 

Por dedicar-se  praticamente a todos os gêneros da pintura - retrato, auto-retrato, paisagem, natureza-morta, flor, pintura de gênero e pintura religiosa - costuma, em muitas obras, tratar de dois ou mais gêneros na mesma tela, como em suas naturezas-mortas, quase sempre de caráter fantástico, que trazem uma paisagem ao fundo.

 

Recorde. A tela Vaso de Flores (1931) foi comprada num leilão da Sotheby's, em 1999, e é um dos destaques da mostra

 

Os retratos, considerados por alguns críticos como a vertente mais fértil de sua obra, constituem a maior parte de sua produção e trazem pessoas de sua família, amigos ou filhos de amigos, intelectuais, artistas e auto-retratos (nestes não deixa de fazer menção ao seu defeito congênito, o lábio leporino, também presente em representações de Cristo e outras figuras religiosas). Na produção de retratos destaca-se a obra As Gêmeas (1940), com a qual recebeu o prêmio de viagem ao país, na divisão moderna do Salão Nacional de Belas Artes. A tela retrata as irmãs Léa e Maura sentadas num sofá, tendo ao fundo a paisagem de Laranjeiras, bairro do Rio de Janeiro.

 

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“Diz-se que sua obra é decorativa; Matisse também foi um grande revolucionário decorativo. Agradar aos olhos, hoje, pode ser um pecado, mas, quando uma grande obra se emancipa na modernidade, trazendo prazer à contemplação, e apresenta, com ela, momentos de reflexão junto com o prazer de olhar, é tudo de que precisamos. Aqui, ela está apresentada, com momentos de alguns de seus contemporâneos. Espera-se que o prazer de olhar seja acompanhado pelo gozo do pensar”. Paulo Sergio Duarte Curador

MAM. Parque do Ibirapuera, portão 3

Terça-feira a domingo, 10h / 17h30. Até 11 de setembro.