Com a inauguração, em 27 de setembro, da exposição “Frida Kahlo - Conexões entre Mulheres Surrealistas no México”, no Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo, o público poderá não só contemplar o universo da pintora mexicana Frida Kahlo (1907 - 1954), como também, apreciar aspectos da vida e produção de outras 15 importantes artistas, entre elas Maria Izquierdo, Remedios Varo e Lenora Carrington.
Frida deixou um grande legado para o mundo com suas pinturas. Símbolo da força e independência do universo feminino, a artista Mexicana estava muito à frente de seu tempo e, apesar de todos os percalços (como muitos problemas de saúde e um casamento conturbado), continuou a apresentar-se sempre animada e cheia de vida.
Os sete autorretratos da mexicana revelam o máximo de seu universo simbólico. Em um deles, de 1943, a pintora retrata-se rodeada de pequenos macacos - e, como diz a curadora Teresa Arcq, “os chimpanzés sempre representaram o erotismo na obra da artista”.
Frid aceitou aspectos de seu corpo que fugiam muito aos padrões da época — especialmente a sobrancelha unida e o buço.
Frida também teve grande influência para a moda, impondo seu próprio estilo. Adotou as longas saias, no estilo tehuana, da região de Oaxaca, no Sul do México, sempre muito rodadas e coloridas. Se por um lado, elas camuflavam seus problemas físicos (esconder que tinha uma perna mais curta que a outra, sequela da poliomielite que teve na infância), por outro lado, eram a forma encontrada por Frida para manter o bom humor e para continuar se sentindo feminina. As saias eram combinadas com corseletes e até com coletes de gesso, que precisava usar por causa dos problemas na coluna, resultantes de um acidente de bonde aos 18 anos. Os bordados coloridos, as flores delicadas, as rendas e as tranças, que lhe conferiam um visual alegre, foram sendo cada vez mais incorporados à medida que seus problemas de saúde se agravavam e sua dor aumentava. Essa marca pessoal acha-se também refletida em sua pintura, que segue o mesmo padrão de cores primárias.
As doenças e os acidentes deixaram-lhe sequelas que a obrigavam a usar coletes ortopédicos, que aparecem em vários quadros, como “A Coluna Partida”, de 1944.
A COLUNA PARTIDA
Diferentemente de muitos artistas de renome, que desde pequenos mostram uma aptidão para a pintura, Frida não começou a pintar cedo. Foi num período de convalescência que, usando um cavalete adaptado à cama e a caixa de tintas de seu pai, Guillermo, Frida começou a pintar Não foi apenas com a pintura que o pai influenciou seu trabalho. Guillermo era fotógrafo profissional e tinha o curioso hábito de se fotografar, algo que a filha levou mais tarde para seus quadros. Ao longo de sua carreira, Frida pintou diversos autorretratos, sempre colocando na tela seus problemas, seu cotidiano, seus temores e seus amores.
Frida estava sempre envolvida em política — ela era ligada ao Partido Comunista Mexicano, onde inclusive conheceu o muralista Diego Rivera, de 43 anos, com quem se casou por duas vezes. A primeira vez, em 1929 aos 22 anos. Os dois viveram um relacionamento tempestuoso e cheio de reviravoltas – mas Frida era perdidamente apaixonada pelo marido. Resolve se separar, contudo, ao descobrir que ele mantinha um relacionamento com sua irmã mais nova, Cristina. Isso não impediu, porém, que eles se casassem novamente, seguindo o mesmo padrão de relacionamento turbulento.
Diego Rivera também influenciou o estilo de Frida, que passou a adotar cores básicas em grandes extensões, num estilo naïve.
Em 1950, Frida amputou uma perna e, em seguida, entrou em depressão. Nessa época, pintou suas últimas obras, como Natureza Morta (Viva a Vida) e morreu no dia 13 de julho de 1954.
O projeto da exposição “Frida Kahlo - Conexões entre Mulheres Surrealistas no México” é muito complexo. Até o momento, estão confirmadas 19 pinturas e 13 obras sobre papel de Frida Kahlo para a mostra. Orçada em R$ 9,5 milhões, a exposição traz uma centena de obras de trabalhos emprestados de 48 coleções privadas e particulares. Apresenta também a oportunidade de o Brasil receber trabalhos de surrealistas reconhecidas, mas ainda não muito populares.
"O diálogo das artistas é temático", explica Teresa sobre o conceito da mostra. “A prática da autorrepresentação feminina entre as 16 surrealistas apresenta-se como uma questão importante, e, na sequência das obras, será possível comparar quão distinto pode ser o olhar de cada uma para si”.
Leonora Carrington
Maria Izquierdo
Remedios Varo
“Deve-se também ressaltar o tema do exílio como um dos pilares da mostra. Muitas das participantes de “Frida Kahlo - Conexões entre Mulheres Surrealistas no México” escolheram, afinal, viver no país latino-americano que, depois da Revolução Mexicana, em 1910, tornou-se um território de efervescência política e cultural”.
Instituto Tomie Ohtake
http://www.institutotomieohtake.org.br
De 27 de setembro a 10 de janeiro de 2016
De terça a domingo, das 11h às 20h
Entrada R$ 10 (grátis às terças-feiras)
Rua dos Coropés, 88
Pinheiros – Oeste São Paulo
(11) 2245-1900
Estação Faria Lima Via Quatro