Exposição retrospectiva de Alberto da Veiga Guignard (Nova Friburgo, 25 de fevereiro de 1896 — Belo Horizonte, 25 de junho de1962) pintor brasileiro que se destacou como o grande paisagista do modernismo, apresenta 72 obras divididas em quatro temas: retratos, naturezas mortas, obras sacras e paisagens.
Sua formação tem bases européias por ter vivido lá dos onze aos 33 anos. Frequentou as Academias de Belas Artes de Munique e de Florença.
De volta ao Brasil, nos anos 20, tornou-se conhecido juntamente com Cândido Portinari, Ismael Nery e Cícero Dias.
Morando no bairro do Jardim Botânico, no Rio, deslumbrava-se com a paisagem da Mata Atlântica. O relevo do maciço da Tijuca foi seu modelo brasileiro para confrontar-se com a paisagem vertical da pintura chinesa, que, sem pontos de fuga ou linhas descritivas, desdobra-se paralelamente à superfície da obra.
A atenção do pintor voltou-se para o patrimônio colonial brasileiro, já em fins da década de 1930. Seu primeiro modelo de arquitetura histórica foi o bairro de Santa Teresa, depois seria Ouro Preto.
Ainda jovem orientou um grupo do qual participavam Iberê Camargo, Vera Mindlin e Alcides da Rocha Miranda. Nessa época (1944), a convite de Juscelino Kubitschek, então prefeito de Belo Horizonte, organizou um curso de desenho e pintura no recém-criado Instituto de Belas Artes. Apaixonou-se pela cidade e mudou-se para lá.
Os retratos de Guignard, juntamente com as paisagens, são outros capítulos privilegiados da sua obra.
O lirismo de Guignard é único em nossa modernidade. As paisagens e festas_ em que muitas vezes parecem flutuar casas, igrejas, seguindo os balões juninos, numa atmosfera azul acinzentado, por vezes muito escuro_ dão ideia de que aparecem subitamente, tal como os desenhos de Mira Schendel e as pinturas de Rothko. É como se a arte flagrasse o momento em que as coisas surgem, antes mesmo de encontrarem seu lugar definitivo .
Por dedicar-se praticamente a todos os gêneros da pintura - retrato, auto-retrato, paisagem, natureza-morta, flor, pintura de gênero e pintura religiosa - costuma, em muitas obras, tratar de dois ou mais gêneros na mesma tela, como em suas naturezas-mortas, quase sempre de caráter fantástico, que trazem uma paisagem ao fundo.
Os retratos, considerados por alguns críticos como a vertente mais fértil de sua obra, constituem a maior parte de sua produção e trazem pessoas de sua família, amigos ou filhos de amigos, intelectuais, artistas e auto-retratos (nestes não deixa de fazer menção ao seu defeito congênito, o lábio leporino, também presente em representações de Cristo e outras figuras religiosas). Na produção de retratos destaca-se a obra As Gêmeas (1940), com a qual recebeu o prêmio de viagem ao país, na divisão moderna do Salão Nacional de Belas Artes. A tela retrata as irmãs Léa e Maura sentadas num sofá, tendo ao fundo a paisagem de Laranjeiras, bairro do Rio de Janeiro.
“Diz-se que sua obra é decorativa; Matisse também foi um grande revolucionário decorativo. Agradar aos olhos, hoje, pode ser um pecado, mas, quando uma grande obra se emancipa na modernidade, trazendo prazer à contemplação, e apresenta, com ela, momentos de reflexão junto com o prazer de olhar, é tudo de que precisamos. Aqui, ela está apresentada, com momentos de alguns de seus contemporâneos. Espera-se que o prazer de olhar seja acompanhado pelo gozo do pensar”. Paulo Sergio Duarte Curador
MAM. Parque do Ibirapuera, portão 3
Terça-feira a domingo, 10h / 17h30. Até 11 de setembro.
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