sexta-feira, 12 de agosto de 2011

SUZY LEE

 

A menina que mora em mim se encanta com a obra de Suzy Lee, a artista coreana que nos atrai com seus livros singelos , contando histórias apenas com seus desenhos.

 

Odilon Moraes, escritor e ilustrador, comentou: “Os livros da trilogia sem palavras de Suzy Lee são daqueles tipos de obra que nos enganam com sua aparente simplicidade. Mas é através desta simplicidade traduzida em desenhos à lápis (que mais lembram rascunhos) que somos levados a outras experiências sensíveis de leitura.

A autora utiliza o meio do livro – muita gente não se lembra de que todo livro aberto é uma justaposição de páginas – para representar metaforicamente, na narrativa, encontros de duas realidades.

No livro Onda, a personagem se depara com o mar. É o encontro com o outro. A costura do livro divide o lado da areia do lado da água.  

 

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A série acima faz parte do livro “Onda” . O desenho das ondas é simplesmente lindo, assim como a mistura de elementos em preto e branco com o azul do mar.

Palavras não fazem falta.

 

Em Espelho, a personagem se encontra consigo mesma (ou seu duplo). Novamente o centro do livro demarca o limite do “eu” de sua projeção ou reflexo.

 

 

 

Por fim, em Sombra, separados pela costura, estão o instituído pelo real e, como seu avesso, o imaginário. Aqui a personagem se encontra com a fantasia

 

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A grande genialidade dessa trilogia está em fazer do livro e suas características formais ingredientes, ou melhor, agentes da história. Curioso ainda é que a grande virada na narrativa das três obras é o momento em que, exatamente o meio, a costura, deixa de ser intransponível e se abre para proporcionar a experiência do encontro de universos distintos.

Quando Suzy Lee fala de seu ofício, diz ser artista, não escritora. Creio que o que Suzy Lee faz em seus livros sem palavras é proporcionar o encontro da arte com literatura ao usar o desenho como forma de escrita”.

 

 

O psicanalista Alexandre Socha, comentando a trilogia Onda, Espelho e Sombra, declara: “São convites a sensações, lembranças e reflexões, tais como espelhos, sombras ou ondas que nos refletem e conduzem em direção a nós mesmos. Abordando temas que revelam experiências emocionais e relações humanas com uma rara sensibilidade, transportam o leitor para a essência da fantasia e da imaginação criativa, elementos que constituem o brincar, seja o da criança ou o do adulto. As imagens que se desdobram aos nossos olhos comunicam-se diretamente com nossos aspectos infantis, não raro adormecidos ou “intencionalmente” esquecidos. A criança ali desenhada a carvão se depara com a criança dentro de nós, encantada por encontrar uma representação figurativa de si mesma com tamanha beleza e poesia. Cada um ali verá a si próprio, sua infância vivida ou imaginada. Permitindo serem apreciados por todas as idades, nos fazem sonhar nossos sonhos e os da grande aventura de estar e sentir-se vivo.

 

Suzy Lee no Brasil

Suzy Lee esteve no Brasil em junho de 2010  quando falou sobre o que é, para ela, fazer um livro infantil, em todas as suas possibilidades. Mostrou que, ao pensar o livro como objeto, procura contar histórias que só poderiam ser contadas nesse suporte. No caso da trilogia de livros-imagem – Espelho, Onda e Sombra –, a costura do livro, onde a dupla de páginas se encontra, separa dois universos: o da menina que protagoniza as histórias e o de suas descobertas – sua imagem no espelho, a imensidão do mar e o mundo das sombras. O trabalho de Suzy Lee trata de fronteiras e da possibilidade de ultrapassa-las: atravessar para o outro lado do espelho, fazer uma careta para a onda e depois ser engolido por ela, dar vida a objetos por meio da luz e da escuridão. Ao falar desses limites, ela questiona o que é real e o que é imaginário. “Existe mesmo essa fronteira?” – a autora se perguntou – “e será que a menina no fim de Espelho é ela mesma ou a sua imagem?”.      

2 comentários:

  1. Muito bom, vou até procurar mais imagens da artista.

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  2. lindo , lindo,tão simples e tão profundo..bjs mila

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