sexta-feira, 27 de abril de 2012

DI - ALGUNS INESQUECÍVEIS

 

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Teve início, dia 23, no Paulo Kuczynski Escritório de Arte,  a exposição “Di – Alguns Inesquecíveis”, que reúne pinturas de Di Cavalcanti, produzidas entre os anos 1920 e 1940.

A exposição é resultado de três anos de trabalho do marchand Paulo Kuczynski, que pesquisou coleções particulares e obras do legado de familiares do pintor.

Das nove obras da mostra, três delas nunca participaram de exposições: “Conversa no Cais”, de 1938, “Serenata”, da década de 1940 (ambas óleo sobre tela), e “Mulher no Divã”, de 1932, que traz, no verso, um desenho sem data - “Cena de Porto”). .

 

“Serenata”

 

Em entrevista ao programa “Começando o Dia”, Kucynski comentou a exposição: “O interessante é que formei um conjunto de obras raras que são dos melhores anos de Di Cavalcanti. Ele pintou a vida brasileira, trouxe a identidade do nosso país para a arte moderna”.

Di Cavalcanti descobriu a pintura de Picasso um ano depois da Semana de Arte Moderna, em sua primeira viagem à Europa, em 1923. Não há na mostra uma mulata da época, mas uma tela da década de 1920, Descanso dos Pescadores, presenteada pelo pintor ao escritor paraibano José Lins do Rego, já mostra uma mulher sentada na areia a desafiar, na forma e no comportamento, os padrões vigentes.

 

Descanso dos Pescadores

 

Também de 1932 é o pastel Mulher no Divã, com um nu frontal ousado para a época e descrito pelo poeta Ferreira Gullar, ( um dos autores do Manifesto Neoconcreto em 1959)no catálogo da mostra, como “a imagem da mulher brasileira”.

 

Mulher no Divã

 

Gullar  comenta que Di Cavalcanti, ao contrário de seus contemporâneos da Semana, “fala do Brasil suburbano e busca na mulher brasileira mestiça a expressão de um novo conceito de beleza em contraposição à da arte acadêmica, que retratava a mulher branca e sofisticada”. Apresenta “uma nova Vênus mulata, de lábios carnudos, seios bastos e quadris pronunciados”.

 

Di Cavalcanti, definido pelo crítico Luís Martins como o “hedonista” que pintava quadros com “um cheiro forte, penetrante e lúbrico de mulatas despidas”,  foi, também,  o pintor das cores e cenas escuras, como a aquarela Bordel, da década de 1930.

 

 

Há uma nítida diferença até mesmo na paisagem que Di Cavalcanti produziu entre as duas décadas. Descanso dos Pescadores, a praia da tela presenteada a Lins do Rego, tem uma luz tropical que contrasta com a Pedra da Moreninha (década de 1930), óleo sobre tela colada em cartão, integrante da retrospectiva do artista no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1971.

 

 

Em 1928, Di Cavalcanti fez um retrato  do escritor modernista paulistano Oswald de Andrade (1890-1954), um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna: uma aquarela "Poeta com Flor", para ilustração do poema Solidão, na revista semanal Para Todos.

 

 Poeta com Flor

 


Gullar observa, a respeito do óleo sobre tela Conversa no Cais (1938), que os temas de Di Cavalcanti são “tipicamente brasileiros”, mas que sua linguagem é inconfundível. A tela, pintada na França, mostra duas mulheres em trajes africanos, num ambiente lúgubre: o cais do porto de alguma cidade francesa.

 


Di-Cavalcanti-Conversa-no-Cais-de-1938

 

Mesmo diminuta, a mostra traz um recorte importante da produção do artista.

 

 

Paulo Kuczynski Escritório de Arte
Al. Lorena, 1661, telefone 3064-5355.

Aberta para o público do dia 23 de abril a 28 de maio,  segunda a sexta, das 11 às 18h. Grátis

 

Fonte de pesquisa: consultas no google.

Um comentário:

  1. aqui se acha a fligrana da filigrana dA PESQUISA SOBRE ARTE!!!GENIAL

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